quinta-feira, 7 de junho de 2012

CADA LOUCO COM SUA MANIA


Cada louco com sua mania

Texto de ELIANE POTIGUARA

Dona Vitória pensou que estava numa guerra ou que Dom Quixote chegava para levá-la. Havia tido um ataque cardíaco quase fulminante, mas os guerreiros e guerreiras do outro lado da vida não a queriam lá ainda: “Você tem que trabalhar muito, sua voz está sufocada! Pode começar a berrar seus berros literários e evocativos”, diziam eles!”
Bem,  Dona Vitória dormia sedada por remédios da globalização, apesar de ser uma naturalista. Mas parecia estar acordada, porque ouvia sons. Sentia um frio aterrorizante do ar condicionado propositalmente ligado por causa da infecção hospitalar.
Determinado momento, escutou um canhão adentrando o corredor que levava ao CTI (centro de tratamento intensivo), aquele lugarzinho sinistro que todo mundo tem medo de chegar lá, porque parece o final de linha!
Dona Vitória imaginava com os olhos fechados ­­_ quase inconsciente_ ­grogue pelos remédios: “Estão chegando os inimigos e estão na minha direção. O que faço?”
De súbito, um aparelho parecido a uma máquina fotográfica, daquelas gigantes, pára aos pés da maca de Vitória e atrás da máquina um homem de quase 2 metros, perguntava: Quem vai tirar Raios-X? Vitória imaginava que era uma máquina fotográfica do século passado e não sabemos com que força ela conseguiu se sentar e ajeitar o corpo e cabelos, como se fora uma modelo!  Vixe Maria! Que mulher vaidosa!

Sua companheira de CTI que estava a seu lado nada entendeu, porque Dona Vitória se arrumava tanto com aquele avental  horroroso branco, furado, velho que só tem um cadarço para amarrar e você fica quase pelada aparecendo-lhe os cabos dos monitores  ligados a quinhentas máquinas e mostrando seu horrível  fraldão! Ufa! Quantos cabos, quantas vezes aquele aparelho de pressão arterial_ sozinho_ parecendo um fantasma, inchava e desinchava apertando seu braço como se estivesse apertando seu pescoço até a morte.Isso sem contar com os cabos do soro que doía o braço e toda hora alguém enfiava uma injeção pela "goela abaixo” que lhe ardia o antibraço todo.
O grandão vem com uma chapa de prata dessas de tirar Raios-X e gelada a enfia atrás das costas nuas da pobre Vitória, que na cabeça dela já estava embelezada para a grande e histórica foto.
O grandão que ainda permanecia à sua frente, perguntou de novo: Quem vai tirar Raios-X? E Vitória se ajeitava mais ainda para ficar bonita. E completamente grogue! E não respondia, porque sua voz não saía! Mal enxergava!
 De súbito, a companheira do lado tem um ataque de tosse. E tosse e tosse e tosse e tosse... O grandão diz: “Ah!... é a outra que está tossindo!” Desculpe senhora! Disse à  Dona Vitória e começaram a rir os dois safados... E estavam lúcidos.
 E Vitória, meio cambaleante, começou a entender que nada era com ela e sim com a companheira do lado. E começou a rir também, tonta pelo efeito da enfermidade e dos medicamentos que lhe deixaram grogue!
O susto foi grande, porque além de imaginar coisas, pensou que a máquina antiga de tirar Raios-X era um canhão inicialmente e, depois uma máquina fotográfica antiquada ou Dom Quixote de La Mancha que viria buscá-la!
Cada uma, hem!
Eliane Potiguara

segunda-feira, 4 de junho de 2012

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